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SIABURU. FOTOGRAFIA FERNANDO DEL.jpg

SIABURU, UMA DANÇA PARA OS PÁSSAROS (BRASIL)

de Daniela Mara

Siaburu reverbera como um canto triste dos pássaros sagrados, convocando movimentações das memórias ancestrais ao dançar o encontro do pássaro sagrado para o povo Tukano, o urubu rei, com o canto triste dos sabiás nas gaiolas durante a minha infância.

2021

11:58 min

A videodança “Siaburu uma para dança para os pássaros” busca provocar a criação de uma dança sobre as memórias dos meus antepassados. Essa experiência aconteceu nas ruas da cidade de Ouro Preto, durante o ano de 2021. Dançar com os pássaros, no período de pandemia, atravessou meu corpo de agressividades e desesperanças como um processo de luto dos corpos levados pela doença da covid. Nas duas primeiras experiências compartilhadas na videodança, a cidade vivenciava a onda vermelha e a banalização dos mortos pela presença dos turistas sem qualquer precaução de transmissão. Na terceira experiência, a cidade respirava na onda verde, onde dancei com os pássaros no Parque Horto dos Contos.

Essa experiência provocou a observação das travessias no céu, a beleza e suavidade dos pássaros, a criação de composições efêmeras nos jogos de improvisação em dança através da relação do meu corpo com os pássaros. Siaburu reverbera como um canto triste dos pássaros sagrados, convocando movimentações das memórias ancestrais ao dançar o encontro do pássaro sagrado para o povo Tukano, o urubu rei, com o canto triste dos sabiás nas gaiolas durante a minha infância. Ao investigar as relações dos pássaros e a cosmologia indígena, proponho ser atravessada por um devir siaburu, na ação de deriva e dança livre.

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Daniela Mara 

Atriz, dançarina, performer, poeta, pesquisadora, arte educadora e apaixonada pelas metáforas cotidianas que deságuam na arte e na vida. Nasceu em 1993 na cidade de Caratinga em Minas Gerais, e atualmente reside em Ouro Preto/MG. Mestranda em Processos e Poéticas da Cena Contemporânea no PPGAC/UFOP pesquisa a relação da criação na cena contemporânea através das cosmologias indígenas e a dança butô. Autora do livro de poesias “Só faz sentido o rio... ” pela editora urutau (2022), é facilitadora em oficinas de dança teatro e improvisação em dança. Possui formação em bacharel e licenciatura em Artes Cênicas pela Universidade Federal de Ouro Preto. Atualmente participa das coletivas queerlombos (2016 – 2022); e anticorpos – investigação em dança (2012 – 2022) com a orientação do prof. Éden Peretta. Já integrou as NINFEIAS – Núcleo de Investigações FEminIstAS, com orientação da profa. Nina Caetano (2012 – 2017)  e MARACATRUPE com coordenação do prof. Itamar Bambaia (2016 – 2018). Investiga a cosmologia indígena, a dança butô, a performance, o teatro e a escrita. 

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