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VENTADA

(Brasil)

de Fredda Amorim 

Sinopse

VENTADA é uma experimentação viva, uma corpa viva que começou antes mesmo de mim, de nós. "EXU matou um pássaro ontem com uma pedra que jogou hoje."

 

Meu corpo, OUTRA. Meu corpo, CORPA. Quando comecei a viagem por essa empreitada que tem sido experimentar esse processo, nunca imaginei tamanha a força e potência que essa eperimentAÇÃO provocaria. Meu corpo é outra, CORPA afetada, potente e monstruosa, VENTADA. É muito bonito criar espaços para poder dizer sobre experiências que transformam e subvertem logicas e padrões. É muito prazeroso para mim poder compartilhar minha CORPA; somente através dessas integrações essa CORPA adquire sentido.

Esse trabalho faz parte de varias trocas, um compartilhamento, um atravessamento proposto ao outro. Muitos toparam trazer suas CORPAS para FORA DA PELE, outras hesitaram ao encontro com tantas memórias. As relações com o outro, com o mundo tornam minha CORPA um eterno devir sempre a procura de seus limites, das possibilidades e potencialização dos afetos, pulsa por existir. Nesse momento, ao chegar neste lugar do processo gostaria de falar de metamorfose e não consigo pensar em melhor exemplo que não sejam as borboletas. 9 BORBOLETAS. O ciclo de vida de uma borboleta obedece ao seguinte processo, ovo, lagarta, crisalida, fase adulta, VOAR. Dependendo da espécie a sua fase adulta pode durar de duas a três semanas. 

Viver intensamente cada momento, se lançar pra dentro e pra fora do CASULO. Gosto de pensar na imagem da borboleta para representar esse transito de dentro pra fora, pro mundo, pra intensidade em se experimentar cada momento e cada tempo de vida. Gosto de relacionar a imagem da borboleta com essa dissertação, pois foi um processo que aconteceu de dentro pra fora da pele. No começo tive muitas dificuldades para pegar o ritmo da escrita, transformar tudo que gostaria de pensar em texto, precisei definir muito bem meu objeto até entender que o objeto era eu, éramos nós, eu precisei fazer um movimento pra dentro da pele para entender que se eu queria falar de [re]existência e de afeto eu precisava sair de dentro da pele. O meu casulo se abril quando comecei a ESCUTAR. Já tenho a certeza de que muito ainda precisa ser dito e será. Mas agora a perspectiva é outra e mesmo com todas as dificuldades de tecer um teia eu agora falo do lado de fora, fora do casulo e não falo sozinha, sou muitas VOZES que falam comigo. 

Eu sai do casulo e “VENTEI” como se em algum momento esse processo chegaria ao fim, como a borboleta. Descobri, que diferente das borboletas, isso não me lavaria ao fim, mas ao encontro, mas fui descobrindo com o tempo que o fim também poderia chegar e que estaria chegando para tantas outras borboletas. Pensar no fim do voou de tantas borboletas era oque me movia a voar. Desta forma ESSE PROCESSO É MARCADO por seus trajetos, por nossos voous e principalmente pela DOR que nos movia. Fui modificada durante o tempo, a partir do encontro, das minhas praticas artísticas e isso dilatou, potencializou e EMPODEROU a minha CORPA. 

As existências marginais, violentadas e violentas, que me esbarraram e que esbarrei. As vidas que, comigo, construíram significados outros para as próprias existências, desafiando e interpelando as lógicas coloniais da própria marginalização a que são submetidas. Finalizamos esta etapa assim, no meio do percurso tinha uma TRAVESTI e uma MANIFESTA DAS CORPAS VENTADAS.


 

As coisas crescem.

Cumprem seu ciclo e as vezes até TRANSbordam, vazam.

Estranha e necessária observAÇÃO matinal.

A criança que até outro dia era um bebê de colo, cresceu.

A barba cresce. Seus cabelos cresceram.

A distância entre as pessoas, cresce. A altura de abismos, cresce.

Os ruídos da cidade do ouro acordando no sexto dia, cresce, fica alto, acorda a gente que dormiu pois ja vai saindo o pão nosso de cada dia e encanta outra gente que se perdeu em pensamentos e ascendeu na rede posta à janela.

Quereres? Cresce também. Sonhos? surgem e brincam uns com os outros, jogando uns de pernas pro ar, já dizia Pessoa e fazia o menino deus.

Cabeça da gente é TREM de doido. Cresci cabelo, abriga idéias, DÓI e quando deita num travesseiro teima em crescer.

Estranha e necessária observação matinal.

As coisas crescem.

E quando deixam de crescer chega hora de 

FLORECER / VENTANIA


 

Até breve, 

Volte ATRÁS.

ficha técnica

Em experimentação: Fredda Amorim 

Programa performativo: Fredda Amorim

Orientação e pesquisa: Grace Passô 

Captação de imagem e vídeo: Saulo Rodrigues 

Edição: Isabela Dilly

Montagem: Isabela Dilly e Fredda Amorim

Agradecimentos: Grace Passô, Julliano Mendes Lab BDMG

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